Advertisement

Responsive Advertisement

Observatório do Feminicídio: 139 mulheres vítimas de violência são atendidas em média todos os dias em unidades de saúde no estado

 

Sther Barroso dos Santos foi espancada até a morte após ser recusar a ficar com traficante em baile funk | Foto: Arquivo Pessoal

Sther Barroso dos Santos, de 22 anos, foi enterrada nessa quarta-feira no Cemitério de Ricardo de Albuquerque, na Zona Norte. Vítima de feminicídio, a jovem foi assassinada ao se recusar a sair de um baile funk acompanhando um traficante na madrugada do último domingo. Enquanto a jovem era velada, a Secretaria de Estado da Mulher divulgou o lançamento do Observatório do Feminicídio, que ajuda a entender o grau de vulnerabilidade das mulheres fluminenses: neste ano, 139 vítimas de violência doméstica foram atendidas por dia nas unidades de saúde do estado.

Com linguagem acessível, a nova ferramenta apresenta seis painéis interativos com dados de segurança, justiça e saúde. Somente este ano, por exemplo, 30.978 mulheres foram vítimas de violência, principalmente física. O estupro aparece como a violência sexual mais frequente. Outro dado alarmante é a reincidência: 42% dos casos ocorreram de forma repetida.

Números do Instituto de Segurança Pública (ISP), também no painel do Observatório do Feminicídio, mostram que entre janeiro e julho de 2025 o Rio de Janeiro registrou 53 casos de feminicídio — houve redução de 12 casos em relação ao mesmo período de 2024.

Já na esfera da Justiça, o painel do TJ-RJ aponta que, no primeiro semestre de 2025, foram concedidas 23.440 medidas protetivas de urgência e efetuadas 3.032 prisões.


"Agora, temos medo e revolta"
No velório de Sther, parentes vestiram camisas estampadas com o rosto da vítima e levantaram cartazes pedindo justiça. Carina Couto, mãe da jovem, chegou a desmaiar e foi amparada por parentes.
— Ela era a caçula, a princesinha da família. A crueldade que fizeram com ela foi terrível, era um bebê. Agora temos revolta e medo. Não queremos vingança, mas temos medo — disse um tio de Sther.
Segundo ele, a jovem trabalhava, estudava, já tinha uma casa em seu nome e alimentava muitos sonhos, interrompidos de forma brutal.

A irmã de Sther, emocionada, gritou em desespero durante o sepultamento:

— Esse desgraçado não tinha esse direito. Ela falou que não queria. Não é não, seu estuprador. Tem muita gente calada diante dessa covardia. Vamos todos pedir por justiça. Se aparecer mais alguém da minha família morto, já sabem que foi ele.

De acordo com parentes, Sther foi espancada depois de se recusar a sair do baile com o traficante Bruno da Silva Loureiro, conhecido como Coronel. Ele é apontado como chefe do tráfico na Coreia. De acordo com a polícia, Coronel, integrante do Terceiro Comando Puro (TCP), acumula diversas anotações criminais por tráfico de drogas, roubo, homicídio, porte ilegal de arma de uso restrito, receptação e lesão corporal. Contra ele, há 12 mandados de prisão em aberto. O assassinato de Sther é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).

A certidão de óbito de Sther aponta como causas da morte hemorragia subaracnoide — sangramento entre o cérebro e a membrana que o envolve —, traumatismo crânio encefálico e politrauma, termo médico usado quando a vítima apresenta múltiplas lesões em diferentes partes do corpo.

Postar um comentário

0 Comentários